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Peabiru e o Adeus do Marujo, 2023

Maria Vaz e Marlon de Paula

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Fruto da residência artística Permanência Transitória, realizada pela ADRO +, Peabiru e o Adeus do Marujo é uma espiral de tempos que coexistem em um mesmo território - onde está localizada São João Del-Rei -, ou de espaços que existem pela sucessão de tempos. Dentro de uma sala, está uma história que começa há quase dois bilhões de anos junto de outras que, pra nós, no tempo breve da vida, parecem muito antigas, mas que no tempo das pedras aconteceram ontem. Está a lenta formação de líquens e dendritos junto da criação de pinturas pré-coloniais, ou histórias sem uma demarcação precisa de tempo, comuns a lugares e povos diversos, junto de acontecimentos históricos que vão ganhando novas narrativas e acabam sendo incorporados ao imaginário coletivo. 
Peabiru e o adeus do Marujo é mais um processo que um resultado, mais uma descoberta que uma apresentação. Um convite a encontrar esse algo de mágico e fantástico que descobrimos ao longo desse mês de residência.

Milhões de anos depois, frente ao caminho que levava ao sertão, o marujo despede-se do mar. 
O tempo, comprimido em formas ondulares, vestígios de séculos de idas e vindas das águas sobre a terra, somente pôde ser verdadeiramente percebido pelos seres mais antigos. Estes, viram pequenas matérias orgânicas formarem-se muito lentamente sobre seus próprios corpos e, em um instante, gerações de uma cidade aprenderem a falar com os sinos. Viram, em segundos, a formação de rotas quilométricas que uniam dois oceanos. Foram suporte para desenhos pré-coloniais e ouviram as mesmas estórias serem criadas e contadas em pontos extremamente apartados, como se compartilhadas em sonhos.
Viram um mar transformar-se em sertão e, ontem, despedir-se do marujo.

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